por Jovem Palerosi
Patos de Minas, cidade localizada no centro do estado, realizou pela primeira vez o Festival Grito Roc
k, capitaneado pelo Coletivo Peleja.
As atividades integradas começaram na 5a feira, com o Cine Debate Arbom Livre, uma iniciativa que busca discutir a questão ambiental, e disseram ter um público muito participativo. Aliás, esta ação é um dos diferencias do Coletivo, que possui inclusive uma contabilização dos impactos causados por seus eventos, revertendo isso com a plantação equivalente de árvores.
A 6a feira foi um dia de imersão, à partir de um convite feito por eles. Pela manhã, alguns integrantes e parceiros foram à “sede do Peleja” e focamos em trabalhar mais especificamente com Softwares Livres para som, explicando como funciona o processo de streaming, entre outras funcionalidades de programas para gravação e produção musical.

Já no final de tarde/noite, foi o momento de concentrar com mais integrantes e parceiros e rolou uma grande discussão sobre o Circuito Fora do Eixo, e sobre o funcionamento do Massa Coletiva, como maneira de buscar uma melhor organização do Peleja, que possui muitos integrantes novos e busca uma melhor divisão de funções nas áreas de atuação. Depois, ainda falou-se mais sobre o trabalho mais especifico em Rádio, contando sobre os processos do Independência ou Marte e da Web Radio Fora do Eixo, inclusive com demostração prática do funcionamento do veículo, já que alguns Gritos começaram a ser transmitidos. Foi muito importante a participação de todos e uma conscientização geral sobre a importância do Software Livre como um dos pilares de uma identidade Coletiva que buscamos, uma ferramenta coerente com nossas idéias. Como um dos parceiros da Arrepio Produções já trabalha e milita na questão, ele ficou de fazer a migração nos computadores de todos.

No sábado, o Festival foi quase que impecável, realizado na praça do Fórum, aberto a todos, e com atividades conjuntas, como uma feira de arte, a banquinha com materiais das bandas, a Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte (foto) até mesmo atividades de pirofagia, com o Grupo Agni (Nação Fogo). Na house mix, a Rádio e a TV foram montadas, e mesmo com problemas na conexão da internet, transmitiram grande parte do evento. Durante a tarde, nem o sol forte espantou os camisas pretas do show do Hammertrash, banda da cidade que iniciou a programação, com um som pesado muito bem executado. Na verdade, a diversidade dentro do rock foi algo muito importante para lidar com um público bem atento e interessado; todas as bandas foram muito bem recebidas, desde o HC melódico do Umnavio (Uberlândia/MG), o punk escrachado do DCV (Uberaba/MG), o som extrovertido do Veniversum (Cuiabá/MT) e do Viagem a Falo, outra banda da cidade ligada ao Peleja. Durante várias apresentações, rolaram rodas e outras boas manifestações.

O primeiro impacto quando Johhny Hooker & Candeias Rock City subiu no palco foi que a cidade não parecia preparada para a performance do vocalista e o clima glam rock andrógino. Mas a situação logo se reverteu e no final do show, o público se aglomerou na beira do palco, idolatrando a banda de Jaboatão dos Guararapes, na grande Recife (PE).
O Malditas Ovelhas! de São Carlos tocou na sequência, trazendo outra atmosfera, que também agradou muito, mesmo prejudicados no início por problemas no som. Mesmo assim, as banda seguiu com alguns sons novos, e novidades nos arranjos das músicas.

O show que finalizou o Festival não poderia ser mais histórico; banda intrínsecamente ligada ao Coletivo, o Vandaluz (foto) subiu no palco para extravasar todo o trabalho realizado no Festival e criar ainda mais mitos sobre sua existência. Vane Pimentel, vocalista emblemático, estava com dengue hemorrágica e quase que não participou do show. Mas foi ele quem começou a história, recitando um poema sentado em uma cadeira. Era para ser uma breve participação, mas ele logo cantou outras músicas e terminou o show de pé, mesmo muito fraco com a doença. Já o resto da banda estava muito forte, com pressão desde o início, emanando uma necessidade de expressão e canalização de loucura que estão fazendo a revolução para uma cidade com o Patos, e cada vez mais em outros lugares. Eles vão circular por outras cidades, e inclusive participam também do Grito Rock São Carlos, assim como a banda pernambucana.
Um final de semana de identificações, parcerias e muitas experiências fortificantes para todos que participaram, para a cena e os Coletivos do Circuito, representando realmente a importância de um Festival Integrado.
fotos: Gabriela Andrade (Peleja) e Daniel (Arrepio Produções)