terça-feira, 27 de maio de 2008

Programa 47: pop, underground, regional

Programa Independência ou Marte número 47, sim!!
Rumo aos cinquentinha, programa recheado de ritmos regionais e nordestinidades exclusivas, eita...
Mas antes, começamos com um bloco quase trava-língua, o Pop Poliglota. Sonoridades com acabamento pop cantadas em português, inglês e até em francês, com gente como Mr Spaceman, Fotograma, um grupo carioca chamado Dj6 e a banda franco/brasileira Molypop.
No 2o bloco novamente trouxemos a idéia de falar sobre a cena indie de outrora. Dessa vez os escolhidos foram uma geração do meio/final dos anos 80.
Rolou o pós-punk underground do Fellini, Akira S e as Garotas que Erraram, depois o Defalla, que chegou a estourar nos 90' e finalizamos com as experimentações de Paulo Barnabé e companhia na Patife Band, grupo que possui uma ligação mais íntima com a Vanguarda Paulistana (olha eles aí de novo).
Aí começou os regionalismos: primeiro um Brado Retumbante sobre a Candeeiro Records. Trocamos idéia com o Marcelo Soares, um dos pernambucanos que encabeçam o selo, que através de leis de incentivo e outras formas alternativas, vêm fazendo projetos finíssimos que ligam musicas populares com experimentações e timbres contemporâneos. Pra coroar, o som que Anvil e Lex Lilith fizeram para o Baião de Viramundo (para Luis Gonzaga), um Mestre Salu adubado pelo Mamelo Sound System, o Erasto Vasconcelos produzido pelo Fabinho Trummer e um Cordel do Fogo Encantado fazendo uma versão para o Frevo do Mundo, disco já bem contemplado em nossos programas. Estamos na espera de Magneta, disco que prometem lançar em breve, com versões e remix de guitarradas, que, ai ai ai, andam tomando conta da cabeça e do corpo da rapaziada...
Ainda teve as sonoras e os sons ao vivo com o projeto Ponto Art.Br , marcando a passagem da rapaziada por aqui no último Música na Cidade. Boi, coco, maracatu, e outras manifestações...
Bueno, e pra finalizar de verdade, um bloco mais conceitual que queríamos fazer a um tempinho, Trilhas para Teatro. Só 2 músicas, mas muito bem colocadas: Dj Dolores e Maciel Salu na trilha para a Máquina de João Falcão (também lançado pela Candeeiro) e o Pedra Branca fazendo a trilha para o espetáculo Crendices, quem Disse? , da Cia de Danças de Diadema.
E foi isso...
Não perca a reprise no sábado, às 15h e a versão redux no Portal Fora do Eixo.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Orquestra Contemporânea de Olinda (2008)

O sotaque musical de Pernambuco nos invade, domina e arrebata mais uma vez. É nas ladeiras e nas tortuosas ruas de Olinda que uma intensidade de vida se converte em mais um projeto musical riquíssimo em influências, ritmos e camadas sonoras. Novamente, passado, presente e futuro encontram-se de forma muito natural, trilhando novos caminhos na música brasileira.
A Orquestra Contemporânea de Olinda nasce quando o percussionista Gilu passa a freqüentar os ensaios da Orquestra Henrique Dias, tradicional grupo fundado em 1954. Ao lado de experientes músicos da cena pernambucana, como seus companheiros Raphael Beltrão (Bonsucesso Samba Clube), Tiné e Hugo Gila (da Academia da Berlinda), Maciel Salu e Juliano Holanda, surge a idéia de uma big band que agregasse as diversas referências de cada um e mesclasse influências da música regional (como o coco e a mazuca) com outros ritmos tropicais (como o ska ou o samba de gafieira), o afro-beat e, é claro, o brega.
A paixão, a busca pelos bons encontros, pela sinceridade e a difusão das idéias verdadeiras são temas buscados ao longo das 11 músicas, como na faixa de abertura, Tá Falado, na qual a "canção que vai tocar no rádio" é a forma que se encontra para falar do que se sabe, do que se sente. Assim como em Joga do Peito, as frases de efeito são buscadas com palavras simples e particulares de quem se expõe ao mundo através de suas canções. Essas são um ar mais sóbrio, dentro da contradição do pensamento, na fronteira entre a esperança e a fragilidade de quem está amando; curiosamente, as duas ganharam o arranjo de metais de Ademir Araújo, da Orquestra Popular do Recife, enquanto que as outras são do também experiente maestro Ivan do Espírito Santo. Mas também temos dramas de amor, como na solidão e tristeza de Ladeira, ou no lamento de Canto da Sereia, original do sambista Oswaldo Nunes.
Durante o Carnaval é uma das músicas mais bonitas do disco. O frenesi dos momentos mais felizes da maior festa quer ser vivido de mãos dadas com a musa, a menina que domina o pensamento, o corpo, o coração e a alma, assim como o mais belo frevo. A melodia é suave e transcendemos nos braços da paixão até quarta-feira chegar. A vida boêmia, os encontros (e desencontros) noturnos estão entre o diálogo que surge da misteriosa Brigiti (em parceria com Isaar França) e da bem-humorada Balcão de Venda, marcada pela rabeca já característica de Salu.
No trabalho instrumental encontramos inovadores arranjos de metais, cordas e percussão, em um riquíssimo laboratório rítmico, melódico e harmônico. Eles chegam à sua expressão máxima em Não Interessa Não, na qual a letra é suprimida pela energia das frases criadas pelos belos timbres de saxofone, trompete, trombone e tuba.
Sempre muito bem construídos em paralelo, vêm guitarra, percussão e cozinha cheias de suingue e groove, tal qual outros momentos mais animados, como a primeira parte de Saúde, mundana, dançante e descontraída. Na segunda parte desta música, já caracterizada como outra faixa do disco, ela quebra para um dub com ares de carimbó, e a busca é por saber do mar, do vento, de ti, de mim e do dia que ainda vai chegar...

Rodrigo "Jovem" Palerosi
Estagiário da Programação Musical
São Carlos, 19 de maio de 2008

Hurtmold - Hurtmold (2007)

Considerada a principal banda instrumental/experimental do Brasil, o Hurtmold lança seu quarto álbum.
O clima do rock nublado das grandes cidades se alia cada vez mais a elementos musicais de distintas raízes, numa contemporaneidade que nos faz perder as fronteiras entre as referências e sintetizar um trabalho mais do que autêntico, natural.
Aliado ao clima de jam session e improvisações que nos remetem ao free-jazz, os elementos percussivos orgânicos e eletrônicos ganham mais destaque e são os principais responsáveis pelas diferentes texturas alcançadas, tanto nos ambientes e paisagens criadas, quanto nas introduções e nas guinadas que cada música parece necessitar.
O contraste se faz mais presente e as sensações imagéticas agora nos levam a narrativas cada vez menos lineares e lógicas, ao mesmo tempo que se ligam e fluem de uma forma muito consistente. Às vezes nos sentimos atropelados por todos os sentimentos do mundo, às vezes, imersos no vazio de nós mesmos. Às vezes perdidos na encruzilhada de um labirinto, às vezes fluindo rumo à imensidão.
É pela intensa construção e desconstrução que cada uma das sete músicas, e o conjunto que o álbum contém, é que se faz um prisma da contradição entre a beleza e a tristeza de ser quem somos no nosso tempo da história. Talvez seja isso que nos instigue a sempre querer sentir o que for feito por esse sexteto, que desafia a cada dia os limites de fazer música, sejam reunidos no mesmo palco, ou em seus projetos paralelos, como os também recém lançados trabalhos do Bodes & Elefantes, de Guilherme Granado, a carreira solo de Maurício Takara ou a união deles com Rob Mazurek no projeto São Paulo Underground.
Há intensidade e fertilidade em tudo; ao contrário do que poderia se imaginar, a química está ainda mais forte e os músicos se mostram cada vez mais versáteis, compondo e tocando diversos instrumentos. Eles também assinam a gravação e mixagem do disco, juntamente com Fernando Sanches, em mais um trabalho lançado pela Submarine Records. Sobre o nome do disco, talvez a consistência e maturidade da síntese de experiências de quase uma década de estradas é que dê sentido ao trabalho: Hurtmold.

Rodrigo "Jovem" Palerosi
Estagiário da Programação Musical

terça-feira, 20 de maio de 2008

Programa 46: de Araraquara ao Fim do Século!!!

Mais uma semana.... Mais um Independência ou Marte ao vivo pela Rádio UFSCar. Lutando para se formar, Felipe Silva chega levemente atrasado, sem problemas para o carismático Jovem Palerosi que acompanhado da Banda Surfadelica no BG abre o programa e apresenta o primeiro Bloco: Regional Contemporâneo:
Orquestra Contemporânea de Olinda, Maciel Salu, Cascabulho e Eder `O`Rocha, que está desembarcando em terras São Carlenses.

Na Sequencia um bloco de Groove pôs todos pra dançar com BSB Disco Club, Berinbrown, Clube de Bolso e Meu Amigo Imaginarium.

Pra quem vem acompanhando o Programa sabe que o quadro Brado Retumbante está quase começando a ser gravado em um bar. Longas e produtivas conversas tem que ser amigavelmente interrompidas já que estamos em um programa de Rádio. Nessa edição conversamos com Gabriel Thomas,líder dos Autoramas que lançou pelo já amigo selo Midsummer Madness a Coletânea Fim do Século Vol.1 (é só clicar e baixar na Integra). Veteranaço da cena independente nacional Gabriel reuniu o melhor de seu acervo de mais de 400 fitas K7 e pudemos ouvir bandas que engatinhavam no início dos anos 90 e que de uma forma ou de outra estão aí até Hoje. Com aquele charme da sonoridade magnética pudemos ouvir:
Pato Fu, Eddie, Maskavo (ainda na fase Roots) e OZ, projeto liderado pelo Marcelão Bighead, hoje conhecido e admirado como Nego Moçambique.

O Povo Heróico dessa semana resgatou ecos da Lira Paulistana que marcou presença na Virada Cultural de Araraquara. Ouvimos o figuraça Carlos Careqa (em sua busca por Tom Waits), e em homenagem ao Nego Dito Itamar, Isca de Polícia, Celso sim, Paulo Lepetit e Gigante Brasil.
Encerramos com Hurtmold, que também se apresentou no Teatro Municipal.

Após os Salves e despedidas ainda deu tempo de encerrar com um Bloco de HIP-HOP:
Hurakan, Macario da Manada e o São Carlense Protesto Sub Loco.

Ufa...

Reprise no Sábado as 15:00 e disponível no Portal do Circuito Fora do Eixo a Partir dessa Quarta Feira.

Jovem Silva ou Felipe Palerosi. (hehe)





segunda-feira, 19 de maio de 2008

3a Festa

Haha. Haha. Haha....animal de novo.
Casa cheia, pessoas bailando, alto astral no ar, da-lhe mais uma Independent Party...
Dessa vez quem começou bofoi New Young Man, com um belo visual psycho-tropical. O cara começou rolando pra galera alguns temas regionais contemporâneos, depois passou por uns bregas cults e terminou com rock and roll, rockabilly, surf e essas músicas que a juventude tanto gosta...enquanto isso, o VJ THC representava no outro ambiente, com suas fragmentações e manipulações de improviso, se utilizando seu belo banco imagens somado a imagens das festas e outras coisas do programa, que botamos no arsenal.

Garotas Suecas - os figuras (e a figura) entraram já destilando seus hits Efervescente e Corina...passaram também pelas outras músicas que estão no disco compilado, tocaram algumas novas e alguns belos covers, principalmente do Rei. Boa performance!!! Destaque para Zumbi, canção que não estaria na playlist e que por "pedido" da organização da festa foi incluída, e muito bem executada, haha...(vai rolar o clipe dela assim que lançarmos o especial que os caras gravaram no dia seguinte na rádio - isso mesmo, na raça, sábado quase manhã - era cedo para o tanto que tinha dado na comanda de cada um, vai...)

Mas falando da festa...Fiodiback ainda deu seu passeio empolgante por alguns hits eletroindies, hip hop, funky e algumas experimentações...dessa vez não vimos o sol entrar pelas frestas do Armazém, mas rolou até freestyle da Dani no final...pena que o público era praticamente só os djs e a banda...
Mas eh isso...(hum, registramos tudo também...isso significa que temos bastante trampo pela frente pra mais um video...firmeza!!!)
até a próxima...
haha.haha.haha
bjos e abrazos

Jovem
fotos: Felipe Silva e Dani Teixeira


Calouros, Móveis, e mais um especial em breve...

Muito bom o festival...parabéns a todos da rádio pela organização...
Pena que a maioria dos bixos fez covers, com excessão de uma tal de Javali Underground - que barulheira hein rapaziada.

Mas o encerramento com o Móveis foi absurdo...os caras tocaram quase 2 horas, ensairam umas danças de improviso, tiraram onda com o gaitista de pé quebrado, botaram todo mundo pra dançar e pular, isso quando estavam em cima do palco. Quando todo mundo achava que eles iam terminar a performance, os caras ainda desceram , fizeram o público ficar em roda e depois e incentivaram um bate-cabeça de companheiros...
Na 6a de manhã os caras foram pra rádio, e vencendo a ressaca (com o vocalista André não bebendo), fizeram uma sonzeira mais acústica nos estúdios. Os tradicionais 2 sons ao vivo e mais 3 gravados junto com a entrevista pro Independência...em breve a gente rola no ar, e fica prometido junto um video com as coisas que filmamos...
calma que tem mais...
bjos e abrazos


Jovem

fotos: Dani Teixeira

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Festassssssssssssssssssssssssssssssssss

Olha o que vai roalr na próxima...
Olha o que rolou na última, haha...



Direção: Felipe Silva e Jovem Palerosi
Arte e Finalização: Maithê C. Bertolini
Gravação e Mixagem de Som: Daniel Roviriego

terça-feira, 13 de maio de 2008

Programa 45 e a música da juventude...

É...balançamos o esqueleto ontem no programa...
Um dos programas mais rock and roll, tivemos como ponto central, é claro, a próxima festa que realizaremos na próxima 6a, dia 16/05...
Mas começamos com uma pitade bem regional, com um bloco que o Fi organizou de forma extramente engenhosa, o da Guitarrada: A Surf Musica da Pororoca. Contamos um pouco da história do ritmo, e como ele nasce lá em Belém do Pará. Para tanto, rolamos os Mestres da Guitarrada, os ilustríssimos senhores que praticamente inventaram a moda que hoje começa inclusive a invadir o sudeste...e é claro, que rolamos outros grupos de extrema importância na cena de lá, e os desdobramentos que a levada ganha com novas pesquisas de timbres para acompanhar as guitarras limpas...
Tivemos também um bloco de rock pras garotas...Inspirados pelo melhor o Ie Ie Ie, uma rapaziada que berra, suspira, chora e ri por suas musas, sejam elas fictícias ou não. Começou a esquentar...Dos fanfarrões do The Playboys e da grande persona de Arthur Joly, à galera dos Bonnies e os experientes do Rockz...
Daí entrou o Especial com o Júlia Says...banda recifense, já supra citada nos meios que possuem esse projeto, mas que merece o destaque pela relação entre a concepção e realização de seu som...Entrevista descontraída e sonzeiras que ganharam um belo peso nos estúdios, bem calibrados por Daniel Roviriego...em breve, confiram o video...
English Indies, foi o bloco que sucedeu os garotos, com sons novos de Cansey de Ser Sexy, e do Jumbo Elektro (preparando pra virada de Araraquara), além de um Júpiter (dessa vez Apple) e mais uma vez homenagem ao Hang the Superstars, que deixa saudade por sua tosqueira satírica de garagem...
Daí rolou um telefonema bem descontraído com o Garotas Suecas (que na real, só tem uma chica). Falaram um pouco do que anda rolando, e instigaram a todos dizendo que o show daqui vai ser uma brasa. Ainda comentaram sobre os sons que rolamos na sequência.
Ainda deu tempo de dar um toque nos lances que vão acontecer essa semana, e finalizamos com um Móveis, pra chamar a galera pro furdúncio que vai rolar na praça do mercado na 5a...
Não percam a reprise no sábado, às 15h. E amanhà também já rola no www.foradoeixo.org.br
abrazos

Jovem

fotos: Dani Teixeira

Nada como um Post Amigo!

Fazia tempo que eu não postava nada... Bateu aquela saudade... então ai vai um post bem massa pra ver se alegro a minha noite.

Segunda Feira rolou o Programa 45... Animal!: Especial com a Banda Julia Says e participação das Garotas Suecas pelo Telefone. Relembrando a Última festa para esquentar pra Próxima... Que aliás ja está bem aí:


E pra você que não pode esperar a reprise no sábado... Amanhã tudo isso estará disponível no Portal do Circuito Fora do Eixo.


Novidades Audiovisuais bem legais em Breve.
Felipe

domingo, 11 de maio de 2008

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Lado C em Jaboticabal (ou o começo de tudo...)

2006...A idéia já estava literalmente no ar...
Matéria de TV que fizemos para para o programa Região, na matéria de Realização 1 pro curso de Imagem e Som da UFSCar...
Já estávamos com a cabeça e o coração na parada...
Saudade da banda, que depois de uma breve pausa, deve voltar esse ano...
vamo ae rapaziada, queremos ver...



Realização: Felipe Silva, Daniela Teixeira e Jovem Palerosi

terça-feira, 6 de maio de 2008

Programa 44 - Entre o Céu e o Inferno

Programa histórico, hein...
Ao vivão, salada musical, diversidade viva nas ondas do seu rádio (e da web também).
Primeiro um bloco de Canções Eróticas; em ritmos suaves e instigantes fazendo a cama sonora para vozes femininas calientes, sussurrantes, provocantes e pecadoras...
Depois, uma seleção com os Malandrões da Gringa; rapaziada boa (e agilizada) que lançou trampos na Europa, em parceria com nomões da música internacional...Isso tudo, em meio às correrias e apertos no estúdio pro que seria o próximo quadro o Momento Re(li)gião com o Ideologia Cristã. Grupo de hip hop sanca vice que vai lançar seu disco "Quebrando Preconceitos" no próximo dia 16 por aqui...Bom bate papo com o Jaelson (Mc e articulador), e 2 sons ao vivo, redondíssimos, graças à biga band (sério, tinham 14 pessoas aqui) e ao trampo mais uma vez genial de Daniel Roviriego (salve D2. O fervor da rapaziada esquentou a noite fria que tava rolando e levantou o astral da UFuscar...a gente viu gente dançando hein...
Na emenda, vencendo as dificuldades técnicas e lidando com o improviso, entrevistamos pelo telefone o Eduardo Ramos, da Slag Records no Brado Retumbante...Filosofias e reflexões sobre o antes, o agora e o depois da cena, de quem viu o nascimento e a morte do formato CD. (Não é brincadeira, os caras chegaram a lançar mais de 30 fitas K7!!!)
E pra finalizar, por que não, um bloco Eletro/Experimental pra variar um pouquinho...Projetos de homens solitários, ou de figuras mais consagradas como o SP Underground ou Iggor Cavallera com sua companheira, no projeto Mixhell pra terminar quebrando tudo...
Na despedida explicamos algumas urucubacas digitais que nos impossibilitaram de nos comunicar com nossos amáveis ouvintes...treta...
Mas rolou um energia muito boa no final, todo mundo muito satisfeito...
Não perca a reprise Sábado, às 15h!!!
E a partir de amanhã, a versão redux desse programa já está no www.foradoeixo.org.br
Inteh

fotos: Dani Teixeira

segunda-feira, 5 de maio de 2008

3 na Massa - Na Confraria das Sedutoras (2008)

Respiração intensa, espaçada, breves sussurros, o fôlego se acaba, riso, choro, lamentos, desilusões, descobertas, encantos, erros e acertos do corpo, mente e alma.
Três na Massa é o projeto encabeçado por Rica Amabis (produtor do Coletivo Instituto), Sucinto Silva (Dengue) e Pupillo da Nação Zumbi, que ganha corpo a partir do momento em que reúne a nata dos compositores e das artistas mais expressivas da música popular brasileira contemporânea. Os mais doces sentidos, os mais indescritíveis pensamentos e prazeres das almas femininas nascem de leituras masculinas e ganham a interpretação das belas vozes das moças. "Na Confraria das Sedutoras" é um disco narrativo de experiências, sensações, desejos carnais e espirituais de meninas que se tornam mulheres. Tudo isso aliado a uma cama instrumental que mescla diversos elementos orgânicos e programações eletrônicas, passeando com sensualidade e originalidade por diferentes paisagens.
Logo no início, como em um cabaré francês Leandra Leal exibe-se e com convicção convida-nos para experimentar as diversas sensações que serão propostas a partir de sua imaginação fértil.
Na seqüência, Thalma de Freitas dá corpo às inconfundíveis métrica e tonalidade de Jorge Du Peixe, e com muito ritmo vai por caminhos difíceis de se perder, lugares onde já fora encontrada a parceria para o amor.
Mas Céu, uma das principais musas do projeto, rasga qualquer tentativa de razão com sua voz suave e, com os versos de Júnio Barreto, leva-nos a paraísos sinestésicos intimistas, coloridos pelos embriagados arranjos de metal que se contrapõem aos timbres sintetizados. Do compositor pernambucano também encontramos Morada Boa, sambinha mais à sua moda, um discurso romântico e apaixonado.
O brega (sempre ele) também marca presença forte no disco, como na perda da timidez nas vontades de Nina Becker em O Objeto, do Mombojó, ou nos jogos de olhares de Rodrigo Amarante em Tatuí, esta ilustrada pelos teclados e guitarras do Cidadão Instigado Fernando Catatau.
O disco também navega por outros universos rítmicos, incorporando latinidades e outros ares tropicais em músicas como Certa Noite e Quente como Asfalto. É preciso cuidado para não derreter nessa letra de China, que ganha ainda mais calor com os sussurros de Cyz, com sua volúpia e o êxtase quase infinito dos encontros casuais.
As vinhetas e vozes que introduzem algumas musicas estão sempre a nos lembrar dos desejos e das sensações mais íntimas e cruas. Mas há também um lirismo apurado que nos leva mais a fundo, como na bela Lágrimas Pretas, que nasce da inusitada parceria de Lirinha (do Cordel do Fogo Encantado) com uma Pitty de voz macia e leve, ou também Estrondo, canção-despedida visceral, de autoria de Rodrigo Brandão do Mamelo Sound System. Aliás, sua parceira de banda, Lurdez da Luz, talvez seja a lady com mais moral dentro do disco; a única que compôs e cantou sua música, Sem Fôlego, desabafo sobre uma paixão nada santa que se reencontra no acaso do cotidiano de uma cidade grande.
Vida e morte, amor e ódio, e o pecado sempre próximo, é preciso estar sempre pronto. Os devaneios mais íntimos das sedutoras e dos sedutores já estão expostos a todos. Somos a prova viva da expressão, tarde demais para nos tornarmos santos.

Rodrigo Jovem Palerosi
Estagiário de Programacao Musical
São Carlos, 24 de março de 2008

DJ Dolores - 1 Real (2008)

Diretamente das calçadas abarrotadas e do ar pesado do calor recifense, em direção a todo globo terrestre, é lançado pelo selo belga Crammed o mais novo álbum de um dos maiores nomes da música brasileira contemporânea: Hélder Aragão, vulgo DJ Dolores.
Referência internacional na mescla entre as pesquisas de ritmos regionais aliados ao que há de mais interessante nos beats eletrônicos, o músico dá seqüência aos seus trabalhos anteriores, com 13 novas músicas que sintetizam gêneros, estilos e, por que não, mundos diversos. Para isso, é marca de seu trabalho o papel de agregar importantes peças da música brasileira e internacional; Mônica Feijó, Silvério Pessoa e Hugh Cornwell (da banda inglesa The Stranglers). Fernando Catatau (Cidadão Instigado), Júnior Areia e Bactéria (Mundo Livre S.A.) e o polivalente Yuri Queiroga são alguns dos nomes do time que compôs "1 Real".
O ponto chave da estética do disco é a pobreza e a desigualdade social tão incrustadas em sua terra, que, vista pelo prisma de suas experiências e vivências, faz com que ele conceba um álbum que considera mais pessoal. É das ruas que vem o nome do disco, uma referência às promoções dos fast-foods vendidos pelas esquinas e cantos de ponte da manguetown.
As quatro primeiras músicas, quase que em bloco, chegam para conquistar tanto os maiores fãs de seu trabalho, quanto outros ouvidos mais desavisados. Com a faixa de abertura "Deixa Falar", ele nos lembra como sabe dizer sobre sentimentos populares, ao mesmo tempo em que põe todos para dançar na pista. Assim, como em "Cala Cala", ele conta com a ajuda de sua fiel parceira Isaar para trazer à música um humor irônico, que ganha ainda mais força ao vivo, com Dolores assumindo os backing vocais.
"Tocando o Terror" é a prova de que o brega está mais do que enraizado na música nordestina. A letra, cantada por Tiné (da Academia da Berlinda), remete-nos a um carimbó cadenciado, mesclado com outros ritmos latinos, a guitarrada e outras levadas de bailes populares. "Proletário" fecha essa primeira parte quase como um manifesto de resistência, dançante e rico nas texturas das vozes e, principalmente, nas linhas de rabeca, que voltam a aparecer como nos tempos da Orquestra Santa Massa.
"Wakuru" inaugura uma segunda parte, mais universal e experimental, como em seus primeiros trabalhos. Agora não há mais fronteira para línguas e temos letras ou esboços de frases em japonês, francês e inglês. Musicalmente, há espaço e destaque para tudo, de pífanos psicodélicos a rabecas loopeadas, sintetizadores futuristas e timbres de acordeom que nos remetem aos eletro-tangos, como em "Números" e "The Mind Inspector". A embriagada "Flying Horse" também se destaca como uma das principais canções ao trazer elementos de eletro-rock, surf-music e drum'bass e dar grande destaque para o trompete jazzístico do Maestro Forró, outro fiel escudeiro.
Já a paisagem sinestésica de "Mutant Child", lembra-nos de um Dolores compositor de grandes trilhas para teatro e cinema, onde teve seu início de carreira. Não precisamos de letras para entender a mensagem; apenas deve-se sentir.
No final do disco, ainda encontramos uma melancolia lírica com "Saudade" e o apelo final de "Danger Global Warming", que com muitos recortes e samplers nos lembra que a mãe terra está queimando e que as fumaças negras estão em nossos olhos. Nada mais urgente e necessário para o mundo... assim como sua música.

São Carlos, 18 de Fevereiro de 2008
Rodrigo "Jovem" Palerosi
Estagiário de programação da Rádio UFSCar

Cibelle - The Shine of Dried Electric (2007)

Segundo cd de Cibelle, cantora e compositora brasileira radicada em Londres. São 14 faixas, ou melhor, 14 pérolas sonoras riquíssimas de tons eletrônicos, rumores escondidos e vozes sussurradas, fruto de uma pesquisa de matriz global que nos leva das terras geladas de Bjork e Koop até a América onírica e surreal de Tom Waits, sem esquecer as raízes brasileiras dos mestres Tom e Caetano.
Realizado entre Londres, Paris e São Paulo com os produtores Mick Linsday e Apollo 9, The Shine Of Dried Electric Leaves é um disco para descobrir lentamente, para saborear os sussurros de Spleen na belíssima "Green Grass" (T. Waits), a voz quente e envolvente de Devendra Banhart em "London, London" (C. Veloso) e um insólito Seu Jorge em "Arrete là, Menina", tudo isso sobre um amálgama de sons eletrônicos e acústicos que se revelam pouco a pouco.
Uma produção que visa o mundo da música global, ainda pouco explorado e que, sem dúvida, nos reserva muitas surpresas, dentre elas, Cibelle.

Mauro Lussi
Programador Rádio UFSCar
22 de maio de 2007